Lapinha da Serra - MG - Junho/2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Síntese - Gênese e Evolução do Relevo Cárstico

O relevo cárstico ocorre predominantemente em terrenos constituídos de rocha calcária, mas também pode ocorrer em outros tipos de rochas carbonáticas, como o mármore e rochas dolomíticas. É um tipo de relevo caracterizado pela dissolução química das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas.
Uma das principais características do Carste é a ausência de drenagem superficial, as características da rocha fazem com que toda a água da chuva seja absorvida. No carste a água de chuva infiltra-se do solo para a rocha com muita rapidez, sendo que o escoamento sobre o solo ou dentro do solo são restritos e sem muita importância, por isso é raro encontrar rios superficiais no carste. A não ser que a região seja de calcário impuro ou se ocorrer a entrada de águas drenadas em regiões não cársticas. A vegetação exerce importante influência na infiltração da água, além do clima que precisa ser de úmido a temperado.
Podemos distinguir o carste em exocarste, (representados principalmente pelas dolinas, paredões e vales) e endocarste, representado principalmente pelas cavernas.




Exocarste - APA Lagoa Santa - MG - 2007



Endocarste - Gruta da Lapinha -
APA Lagoa Santa - MG - 2007
A formação e evolução do relevo Cárstico se dá através da infiltração da água da chuva nas fraturas e camadas das rochas, chamadas zonas de acamamento. Em contato com o carbono existente nas rochas deste tipo de relevo, a água se torna mais ácida sendo assim capaz de esculpir as suas formas, devido à porosidade secundária, formada por juntas, fraturas e cavernas.
A formação de um exocarste se dá na medida em que a água infiltra, entra em contato com o carbono e dissolve a rocha, formando grandes fendas na estrutura calcária interna, dessa forma acontecem os abatimentos da estrutura superior formando as dolinas, que são depressões fechadas, tendo várias formas em sua abertura, podendo variar de poucos centímetros a dezenas de metros, em geral, mais largas que profundas. Quanto a sua gênese, podem ser: por dissolução (subsidência) – quando as rochas carbonáticas sofrem, na superfície, corrosão e dissolução por águas ácidas provocando a formação de depressões normalmente mais larga que profunda. Em alguns casos, um percurso de água se forma para a profundidade, chamando-se, então, de dolinas aluviais; e ainda pode se formar por colapso ou abatimento – quando devido a presença de uma cavidade mais profunda, ocorre o desabamento de seu teto, surgindo uma depressão na superfície, que pode ou não, se comunicar com o interior da cavidade.
Essas dolinas evoluem cada vez mais, concomitantemente ao processo de dissolução das rochas calcárias em camadas abaixo delas. Com a evolução das dolinas se tornando cada vez maiores, acabam por se formar as uvalas que são na verdade um ajuntamento de dolinas, a união de várias dolinas.
Em decorrência da evolução das uvalas dá-se o início do processo de formação dos morros residuais. As uvalas aumentam de tamanho, o material da superfície e de profundidade são carreados e começam a formar planícies com presença de morros residuais, resultantes de parte das rochas que não foram dissolvidas durante todo o processo de dissolução química.
As planícies cársticas ou Poliês, fazem parte da fase final de evolução do relevo exocarste, após todo o processo de dissolução química, formação de dolinas, uvalas e morros residuais formam-se enormes depressões fechadas no nível de base, por vez atingindo vários quilômetros, que quando inundados formam uma lagoa cárstica.
São delimitados normalmente por maciços, paredes abruptas com fundo plano, freqüentemente impermeável, extensões de rochas calcárias e mistas, onde diversas formações são notadas – torres, estrias verticais, arcos, lapiás ou anfiteatros cársticos (quando a água dissolve sua base formando uma concavidade até túneis ou passagens) etc. Os lapiás compreendem um vasto conjunto de feições mistas, incluindo estruturas em depressão (feições reentrantes) e estruturas em relevo (feições remanescentes), e, conforme seu aspecto morfológico, recebe inúmeras denominações: canaletas, canelura, meandro, furo, poço, pegada, marmita, cortina, alveolar, celular, agulhas, lâminas, cálices e outros, podendo ser encontradas na superfície como nos espaços subterrâneos.
Os Poliês podem apresentar vales secos formados por ação da água, porém, depois se tornam secos por ausência desta, como a falta de chuva ou abaixamento de fluxo d’água. Os vales cegos, que são vales fechados onde a água penetra no solo por sumidouros, desaparecimento da água na qual a perda pode ser total ou parcial. Muitos cursos d’água possuem sumidouros no fundo do canal que vão gradativamente absorvendo o volume do rio. E ainda os Cannyons, que são vales onde o rio corre encaixado. Podem ser explicados por erosão fluvial, corrosão ou desabamento de teto de cavernas.





 Lagoa do Sumidouro - Origem Cárstica - APA Carste Lagoa Santa - 2007.



Texto escrito por Alecsandra Santos da Cunha - Geógrafa - baseado em aulas de campo e leituras diversas.

4 comentários:

  1. Muito boa a síntese, será de grande valia (como referência) para fins de confecção de relatório de campo, do qual participei nas Cavernas do Vale do Peruaçu, conhece?? Obrigado.

    LIMA, Janderson - Estudante de Geografia - UNIMONTES.

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  2. Muito legal este blog! Me esclareceu bastante,pois a linguagem é de fácil interpretação!

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